Políticas Públicas para combater as consequências físicas e emocionais da “Pobreza Menstrual” foram debatidas em Tribuna Popular
quarta-feira, agosto 18, 2021
| Publicado por:
Carlos Dantas
Infertilidade, evasão
escolar, problemas emocionais e tantas outras consequências da “Pobreza
Menstrual” foram debatidas na Tribuna Popular, que abriu os
trabalhos da sessão
plenária da Câmara Municipal de Imperatriz nesta quarta-feira, 18.
O tema abordou
o crescimento da problemática na cidade e explicou a situação
vivida por inúmeras
mulheres, meninas e adolescentes que por falta de recursos não têm
acesso ao absorvente
e outros itens de higiene pessoal necessários no período menstrual.
A
proposição foi solicitada pela vereadora Claudia Batista (PTB) e
contou com a participação
da juíza de direito do Tribunal de Justiça do Maranhão, Sônia
Amaral, quem iniciou
os debates na Casa Legislativa, relatando um testemunho que lhe fez
conhecer a pauta
e “perceber que precisamos sair de nossas bolhas para enxergar as
demandas urgentes
que existem na sociedade”.
“ Não
conhecia e nem sabia das consequências na saúde das mulheres por
não possuírem esse
simples objeto. Vocês sabiam que algumas mulheres usam miolo de pão
para retenção do fluxo menstrual? Quando uma adolescente deixa de ir para a escola
por não ter
um absorvente é um alerta que precisamos mudar. A realidade é muito
maior e é chocante”,
salientou a juíza ao parabenizar a Casa por proporcionar o debate.
A
ginecologista Karla Zolinda explicou às consequências que a falta
do absorvente e de produtos
adequados para a higiene pessoal provocam na saúde física e
emocional das mulheres,
como a infertilidade e a evasão escolar. Segundo Karla, o período
menstrual que
dura de 4 a 7 dias e que acompanha a vida toda da mulher precisa de
um olhar humano
e de empatia social.
“ Dos
14 aos 48 anos as mulheres sangram. Essa é a realidade. Passamos a
maior parte do
nosso tempo sangrando. Nós trabalhamos sangrando, vamos a escola
sangrando, atendemos
a nossa família sangrando. E, mesmo assim, temos que falar sobre
isso para que
a sociedade entenda que muitas de nossas mulheres estão sendo
constrangidas, isoladas
por não terem condições de lidar com esse processo natural do
nosso organismo”,
explicou a ginecologista.
A
dificuldade vivida pelas estudantes, principalmente da Zona Rural,
foi apresentada pela
Cleomar
Conceição, presidente da Associação de Gestores da Rede
Municipal, que explicou
o impacto que a falta de absorvente traz na vida escolar. “Em
2018, o nosso levantamento apontou que mensalmente por causa do fluxo menstrual,
as alunas faltam 4/5 dias, totalizando no ano 40 dias, ou seja, mais
de 200 horas
a menos de aprendizado no ano letivo”, disse Cleomar que também
testemunhou o
desespero de uma aluna que estava sem conseguir realizar a
interrupção do fluxo menstrual
para ir à escola.
Dados
do IBGE apontam que 4 milhões de meninas no Brasil não possuem
algum requisito mínimo
de higiene, como papel, água ou sabão para uso diário. Durante a
Tribuna Popular,
foi levantada a necessidade de fortalecer as políticas públicas que
garantam a dignidade
feminina.
“ Se
questionarem que os vereadores estão falando de absorvente,
expliquem o porquê do
assunto ser relevante para a sociedade. Precisamos, sim, urgentemente
investir em infraestrutura
e acesso aos produtos de higiene menstrual. Os absorventes poderiam
ser disponibilizados
em postos de saúde, por exemplo, como já ocorre com outros itens, ” sugeriu
a propositora da Tribuna, vereadora Claudia.
Estiveram
presentes e também participaram do debate o vereador Flamarion
Amaral (PCdoB),
o vereador Manchinha (PSB), o vereador Fábio Hernandez (PP), a
procuradora do
município, Alessandra Belfort, a psicóloga Shyrlani Silva, a
Coordenadora do Centro de Referência
e Atendimento à Mulher, Maria da Conceição Chaves de Souza, a
diretora adjunta
da Casa da Mulher Maranhense, Kelly Santana, a presidente do Conselho
da Pessoa
com Deficiência, Regina Célia Nobre Lopes, a professora e gestora
da Escola Tocantins,
Teresinha Sodre, a Claudia Costa, diretora da Casa da Mulher
Maranhense e a Estudante
de Medicina, Taynara Santos.
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